Desgaste, obstrução visível e acúmulo de secreções são alguns dos indicativos da necessidade de troca
A traqueostomia é uma intervenção cirúrgica que envolve a abertura frontal da traqueia na região do pescoço, permitindo a entrada direta de ar nos pulmões e facilitando a respiração. Esse procedimento é indicado em casos de obstrução nas vias aéreas superiores, como boca, nariz e traqueia, quando a passagem do ar está comprometida. Precisamos de um exame físico detalhado para sabermos se a causa de obstrução é alta (vias aéreas superiores) ou se é baixa (pulmões); caso seja a segunda, a traqueostomia não estará indicada.
Além de ser necessária em muitos casos de tumores e traumas, a traqueostomia é comum em idosos e crianças com problemas neurológicos, que possuem risco de aspiração de alimentos ou de saliva para os pulmões. Em qualquer situação, é essencial saber identificar o momento correto para trocar a cânula de traqueostomia, garantindo a segurança e a eficácia do tratamento e da reabilitação.
O que é a cânula de traqueostomia e sua função?
A cânula de traqueostomia é um tubo que pode ser de metal, silicone ou PVC (policloreto de vinila) que conecta a incisão externa por cima da traqueia aos pulmões, permitindo a entrada do oxigênio para a respiração. Durante a cirurgia, o médico seleciona o tipo de cânula mais adequado às necessidades específicas do paciente. Entre as funções do procedimento, estão:
- permitir a ventilação mecânica;
- desobstruir as vias aéreas;
- facilitar a higiene brônquica;
- permitir a ventilação em paciente com disfunção na musculatura respiratória;
- Não permitir aspiração de alimento para os pulmões.
Por que é necessário trocar a cânula da traqueostomia?
A troca da cânula de traqueostomia é necessária para evitar complicações, como o acúmulo de secreções que podem obstruir a passagem de ar, o desgaste do material — o que pode comprometer sua integridade — e a necessidade de ajustar a cânula às novas condições do paciente, como alterações na função respiratória.
Além disso, a troca regular ajuda a prevenir infecções e a garantir que a cânula esteja sempre em boas condições de funcionamento, sendo um procedimento que deve ser realizado por profissionais de saúde capacitados para assegurar a segurança do paciente.
Geralmente, a cânula de traqueostomia é trocada entre 3-6 meses de uso, principalmente aquelas que tem o balonete (cuff) que pode se desgastar nesse período.
Sinais de que a cânula precisa ser trocada
Os sinais de que a cânula de traqueostomia precisa ser trocada incluem:
- dificuldade respiratória;
- acúmulo excessivo de secreções;
- obstrução visível, quando a cânula está entupida ou obstruída;
- desgaste ou danos, como a presença de rachaduras ou deformações;
- alterações na cor ou odor;
- sinais de infecção (febre, aumento da tosse ou secreções purulentas);
- Sinais de que o balonete ou cuff está com defeito.
Frequência recomendada para troca da cânula de traqueostomia
A frequência ideal para a troca da cânula de traqueostomia depende das necessidades específicas do paciente e do tipo de cânula utilizada, que pode ser feita de diferentes materiais. Em geral, essa decisão deve levar em conta a condição clínica do paciente, o acúmulo de secreções, o estado do tubo e qualquer complicação que possa surgir.
Tipos de cânulas e a influência na frequência de troca
A cânula de traqueostomia é geralmente fabricada em metal ou plástico, com uma vida útil média entre 3 e 6 meses. No entanto, essa durabilidade pode ser afetada pelas condições de saúde do paciente, sendo necessário trocar esse dispositivo de forma regular para garantir o funcionamento eficiente da traqueostomia.
Algumas cânulas possuem um balão insuflado que envolve a cânula de plástico, enquanto outras contam com um canudo interno, que facilita a limpeza. Esse canudo pode ser removido para lavagem com água e sabão e recolocado para continuar com a função de desobstrução normalmente.
Tem diversas cânulas de traqueostomia, como:
- Metálica: feita de aço ou banhada a prata (material cromado), composto por um mandril, uma cânula externa e a cânula interna.
- Tipo Shiley: feita de PVC, esterilizada em óxido de etileno e composta por uma cânula externa, um balonete conhecido como cuff, uma cânula interna, um fixador e um dispositivo para insuflação do cuff.
- Tipo BCI: muito similar à cânula de Shiley, feita de PVC. Acompanha, mandril/guia, ponta olivar, fita de fixação, cânula interna e cânula externa.
- Tipo Biesalsky: em PVC transparente e atóxico, isento de látex e de ftalato. Acompanha fita de fixação, cânula interna, cânula externa, tampa de proteção anti-tosse, válvula de fonação e conector para oxigênio.
Condições do paciente que afetam a necessidade de troca
A troca da cânula de traqueostomia é influenciada por diversas condições do paciente, como o acúmulo excessivo de secreções, que requer trocas mais frequentes para evitar obstruções. Infecções respiratórias também elevam o risco de complicações, tornando a troca recorrente. Outras condições são:
- pacientes com deterioração da função pulmonar;
- pacientes com irritação ou infecção na pele ao redor da cânula;
- mudanças anatômicas, como edema ou trauma;
- Manipulação excessiva da cânula;
- Radioterapia.
Quem deve realizar a troca da cânula?
A troca da cânula de traqueostomia deve ser realizada por um profissional de saúde qualificado, como um médico ou enfermeiro, que tenha experiência com o procedimento e siga os protocolos estabelecidos para assegurar o bem-estar do paciente. A troca deve ser feita em um ambiente controlado e seguro, garantindo que o paciente receba os cuidados necessários antes, durante e após o procedimento.
Nos casos de tumores de cabeça e pescoço, é o mesmo cirurgião que realiza a troca de cânula de traqueostomia, num ambiente seguro e controlado, que pode ser no consultório ou, em casos necessários, em centro cirúrgico.
Cuidados durante e após a troca da cânula de traqueostomia
No momento da troca da cânula de traqueostomia é essencial higienizar bem as mãos e usar luvas estéreis para prevenir infecções. Durante todo o procedimento, o profissional deve monitorar os sinais vitais, como frequência respiratória e oxigenação, e estar atento a qualquer dificuldade respiratória do paciente.
Após a troca da cânula é importante observar o paciente para detectar sinais de complicações, como sangramentos ou dificuldades para respirar. A área ao redor da cânula deve ser mantida limpa e seca. Além disso, a remoção das secreções acumuladas na cânula deve ser feita quando necessário para garantir que a cânula esteja desobstruída.
Riscos de não trocar a cânula no momento certo
O acúmulo de secreções, quando não é feita a troca da cânula de traqueostomia, pode causar obstrução, dificultando a passagem de ar e comprometendo a respiração. Além disso, isso aumenta o risco de infecções, já que as secreções favorecem a proliferação de germes. O uso prolongado de uma cânula desgastada também pode irritar os tecidos ao redor e levar a problemas, como:
- dificuldades respiratórias;
- falta de ar;
- fadiga;
- insuficiência respiratória.
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Fontes: