Embora seja relativamente raro, o câncer de nasofaringe é mais comum em homens e pode ocorrer em indivíduos de qualquer idade
A nasofaringe é a região anatômica localizada atrás do nariz e acima do palato mole (céu da boca), ou seja, é uma passagem que conecta a cavidade nasal à orofaringe, desempenhando um papel exclusivamente respiratório. Essa região é revestida por tecido mucoso que desempenha um papel importante na drenagem de secreções, bem como contém importantes estruturas anatômicas, como as adenoides e a tuba auditiva, sendo muito acometida por doenças como o carcinoma nasofaríngeo.
Embora seja uma condição relativamente rara, com uma prevalência inferior a um caso para cada 100.000 pessoas por ano, o câncer de nasofaringe pode afetar indivíduos de todas as idades, incluindo crianças. Além disso, devido à sua localização próxima à base do crânio e a várias estruturas vitais, o diagnóstico tardio desse tipo de câncer pode levar a complicações graves e a um prognóstico desfavorável. Entenda a seguir:
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Causas do câncer de nasofaringe
Estima-se que o câncer de nasofaringe corresponda a cerca de 2% dos tumores de cabeça e pescoço e a 0,25% de todos os tumores. Além disso, é uma condição duas vezes mais comum em homens do que em mulheres e cerca de 80% dos casos ocorrem em pessoas entre os 40 e 50 anos de idade.
Assim, associados às características epidemiológicas, alguns importantes fatores de risco para o câncer de nasofaringe são:
- Fatores genéticos relacionados a alterações cromossômicas e imunológicas;
- Exposição a substâncias tóxicas, como fuligem de madeira, refinados de petróleo, pigmentos e outras;
- Infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) e, em menores proporções, pelo Papilomavírus Humano (HPV);
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool;
- Consumo de alimentos salgados e curados que liberam nitrosaminas (como no peixe salgado seco).
Principais sintomas
As queixas mais comuns em pacientes com câncer de nasofaringe são:
- Sangramento e/ou obstrução nasal;
- Caroços no pescoço;
- Dor e sensação de entupimento nos ouvidos;
- Dor de garganta persistente;
- Dor de cabeça, visão dupla ou dormência facial, causadas pelo envolvimento de nervos cranianos;
- Dificuldade de passagem de ar pelo nariz.
Além disso, é importante atentar-se para o surgimento e recorrência de otite média em um adulto sem histórico prévio dessa condição, pois é um sinal que deve levantar suspeitas de câncer de nasofaringe.
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Subtipos de câncer de nasofaringe
O carcinoma nasofaríngeo é um tipo de tumor que surge do revestimento epitelial da nasofaringe, podendo ser classificado em três subtipos da OMS (Organização Mundial da Saúde) conforme a diferenciação celular e a produção de queratina.
O carcinoma escamoso queratinizado (tipo I da OMS) corresponde a aproximadamente 25% dos casos de câncer de nasofaringe e é caracterizado pela queratinização das células tumorais. Já o carcinoma diferenciado não queratinizado, ou tipo II da OMS, representa apenas 12% dos diagnósticos e tem esse nome pelo fato de as células do tumor não conterem queratina.
Por fim, o carcinoma indiferenciado não queratinizado — tipo III da OMS — é o mais importante no sentido epidemiológico, pois atinge cerca de 60% dos pacientes com câncer de nasofaringe. Esse tipo de carcinoma é o mais comumente associado às infecções pelo EBV e suas células são mais imaturas, ou seja, menos diferenciadas do que as células dos outros tumores nasofaríngeos.
Diagnóstico
A partir do quadro clínico apresentado pelo paciente ao médico, deve-se iniciar uma ampla investigação das possíveis doenças que acometem a região facial, incluindo o câncer de nasofaringe.
Portanto, a avaliação de rotina deve se iniciar com histórico pessoal e familiar, bem como um extenso exame físico, incluindo avaliação semiológica de todos os nervos cranianos. A fim de não atrasar o possível diagnóstico, é importante incluir a solicitação de exames de sangue, a pesquisa de EBV no plasma e exames de imagem, como a nasofaringoscopia e uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética da nasofaringe, da base do crânio e do pescoço.
Mediante os resultados dos exames de imagem, a hipótese diagnóstica pode ganhar força, mas a confirmação definitiva do câncer de nasofaringe e seu subtipo é feito apenas com biópsia, procedimento que deve ser guiado por uma nasofaringoscopia ou realizado no centro cirúrgico pelo cirurgião de cabeça e pescoço.
Por fim, após obter-se a confirmação diagnóstica, é importante realizar o estadiamento do quadro, que deve seguir o sistema internacional Tumor-Nódulo-Metástase (TNM), cujo resultado fornece informações e orientações importantes que ajudam o médico a guiar e escolher o tratamento mais adequado para seus pacientes.
Opções de tratamento
A partir do estadiamento TNM do câncer de nasofaringe, é possível definir o melhor método de tratamento para cada paciente, sempre considerando suas particularidades, como expectativa de vida, comorbidades e anseios. Porém, a maior parte dos casos desse tipo de neoplasia tem seu tratamento baseado na radioterapia.
Por ser um tumor considerado sensível à radiação e com uma localização anatômica que limita a abordagem cirúrgica, o câncer de nasofaringe tem sido tradicionalmente tratado com radioterapia, sendo esse o pilar principal de conduta terapêutica para esses pacientes. É válido ressaltar, ainda, que o carcinoma indiferenciado tipo III da OMS parece ser particularmente sensível à radioterapia.
Já a quimioterapia é um método de tratamento que pode ser associado à radioterapia, tendo bons resultados na diminuição das metástases. No entanto, a quimioterapia não tem ação no controle local do câncer de nasofaringe ou na sobrevida do paciente. Assim, a escolha pela quimioterapia adjuvante pelo oncologista deve ser bem discutida.
Por outro lado, a cirurgia de ressecção tumoral não tem indicação como forma de tratamento principal para o tumor primário, devido à dificuldade de acesso cirúrgico à nasofaringe e à sua proximidade com estruturas neurovasculares importantes. Dessa forma, cada caso deve ser analisado pelo cirurgião de cabeça e pescoço para avaliar a possibilidade e viabilidade da abordagem cirúrgica, sendo que alguns pacientes podem se beneficiar da dissecção cervical pós radioterapia.
Assim, de forma geral, o tratamento do câncer de nasofaringe deve ser decidido com base no quadro clínico e no estadiamento de cada paciente, suas expectativas e nas evidências científicas, cujos principais estudos indicam que:
- A radioterapia isolada permite uma sobrevida de 10 a 80% em 5 anos;
- A quimioterapia pode ser associada à radioterapia, diminuindo as metástases, mas sem ação no controle local ou na sobrevida;
- Dentre os pacientes submetidos à radioterapia, 19 a 56% desenvolvem doença recorrente.
Por fim, é válido ressaltar que o prognóstico e a sobrevida do paciente com câncer de nasofaringe dependem de uma série de fatores, como a extensão do tumor primário, o momento do diagnóstico, o acometimento cervical, o tempo de duração dos sintomas antes do diagnóstico e o subtipo histológico.
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Fontes: