A depender da causa do hipertireoidismo, o tratamento pode incluir medicamentos, terapia com iodo e até mesmo cirurgia de remoção da glândula
As doenças da tireoide são altamente prevalentes na população, sendo que o hipertireoidismo, condição que leva a um aumento na produção dos hormônios tireoidianos, afeta principalmente mulheres entre 20 e 50 anos.
Entretanto, embora seja uma condição comum, o diagnóstico e o correto tratamento do hipertireoidismo são fundamentais para melhorar a qualidade de vida do paciente, que em geral é bastante sintomático, e para evitar complicações em outros órgãos e sistemas.
O que é hipertireoidismo?
O hipertireoidismo pode ser explicado como uma disfunção da glândula tireoide — localizada no pescoço — que causa uma produção excessiva dos hormônios tireoidianos: o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina). Esses hormônios circulam por todo o organismo e têm um papel fundamental na regulação do metabolismo do corpo, afetando funções vitais como:
- Frequência cardíaca;
- Temperatura corporal;
- Gasto energético;
- Função cerebral;
- Sono;
- Funcionamento do trato gastrointestinal.
Causas do hipertireoidismo
As causas do hipertireoidismo podem ser primárias (originadas na própria glândula) ou secundárias (consequência de outras doenças), e as principais etiologias estão apresentadas a seguir.
Doença de Graves
Essa doença autoimune, que surge principalmente em mulheres abaixo dos 40 anos, é a causa mais comum do hipertireoidismo. Nesse caso, o sistema imunológico do paciente passa a produzir anticorpos contra um receptor presente na própria glândula tireoide. Esse “ataque” estimula a produção dos hormônios em excesso.
Adenoma tireoidiano e nódulos benignos
O adenoma de tireoide — conhecido como a Doença de Plummer — é um tipo de tumor formado pelas células que produzem e secretam os hormônios T3 e T4, de tal forma que quanto mais ele cresce e se desenvolve, mais hormônios são secretados. Porém, é comum, também, que pacientes notem o crescimento de um nódulo na tireoide, muitas vezes benigno, mas que também estimula a glândula e causa o hipertireoidismo.
Alterações no eixo neuro-hormonal
O funcionamento da tireoide é controlado por hormônios secretados pelo eixo neuro-hormonal, que inclui o hipotálamo e a hipófise, duas glândulas localizadas no encéfalo. Assim, quaisquer condições que afetam essas estruturas podem levar a disfunções tireoidianas, sendo uma delas o hipertireoidismo.
Bócio multinodular tóxico
Outra possível causa de hipertireoidismo é caracterizada pelo surgimento de diversos micro nódulos benignos na tireoide que estimulam algumas áreas da glândula e, consequentemente, a secreção de T3 e T4.
Outras causas
Além dessas, outras causas de hipertireoidismo incluem:
- Consumo excessivo de iodo, por dieta ou principalmente por medicamentos;
- Tireoidites, que são processos inflamatórios da tireoide;
- Gestação molar (mola hidatiforme);
- Hipertireoidismo autossômico dominante não autoimune, uma condição genética que se manifesta na infância.
Principais sintomas do hipertireoidismo
Os sinais e sintomas do hipertireoidismo podem variar em intensidade, mas costumam ser bem característicos da condição, pois representam, justamente, as consequências do aumento da atividade metabólica. São eles:
- Perda de peso não intencional ou dificuldade de ganhar peso;
- Taquicardia (aumento da frequência cardíaca) e arritmias;
- Ansiedade, irritabilidade, nervosismo;
- Tremores nas mãos e dedos;
- Intolerância ao calor e transpiração aumentada;
- Aumento visível da glândula;
- Exoftalmia, que são os olhos mais “proeminentes”.
Quais complicações o hipertireoidismo pode causar?
O paciente com hipertireoidismo, quando acompanhado por um médico capacitado e tratado adequadamente, não corre risco de grandes complicações, mas quando a secreção hormonal está descontrolada é preciso tomar alguns cuidados extras.
Uma das complicações do hipertireoidismo descontrolado por longo tempo são os problemas cardíacos, que podem iniciar como taquicardias e arritmias e evoluir para insuficiência cardíaca devido à sobrecarga gerada ao longo dos anos. Além disso, o paciente com esse diagnóstico precisa acompanhar a saúde óssea, visto que a produção excessiva de T3 e T4 pode causar osteoporose.
Por fim, como a Doença de Graves tem associação com a exoftalmia, se a quantidade de hormônios tireoidianos que circulam pelo corpo não for controlada, esse quadro pode se complicar e causar uma oftalmopatia infiltrativa, que se caracteriza por dor ocular, lacrimejamento, aversão à claridade e até visão dupla.
Qual a diferença entre hipotireoidismo e hipertireoidismo?
Enquanto o hipertireoidismo envolve a produção excessiva de hormônios tireoidianos e a aceleração do metabolismo, o hipotireoidismo é o oposto: há uma produção insuficiente de hormônios tireoidianos, resultando em um metabolismo mais lento.
Como tratar o hipertireoidismo?
O tratamento do hipertireoidismo é focado em normalizar os níveis de hormônios tireoidianos circulantes e aliviar os sintomas, e sempre que possível intervir na etiologia do quadro. Ou seja, se a causa do hipertireoidismo for um adenoma, a remoção cirúrgica do tumor pode ser uma opção para alguns pacientes, assim como a terapia com iodo radioativo ou até mesmo a remoção de parte ou da totalidade da glândula (tireoidectomia parcial ou total). Ultimamente, é possível também realizar o tratamento do adenoma de tireoide com radiofrequência.
Porém, como os principais sintomas e complicações originam-se na quantidade de T3 e T4, pode ser necessário utilizar, ainda que temporariamente, alguns medicamentos que diminuem a produção desses hormônios, como o metimazol e o propiltiouracil. No entanto, esses medicamentos devem ser sempre prescritos pelo médico, principalmente porque a definição da dosagem correta deve ser individualizada, assim como um deles é contraindicado no primeiro trimestre de gestação.
Assim, o tratamento mais apropriado dependerá das causas subjacentes, da gravidade dos sintomas e da resposta do paciente aos diferentes métodos, devendo sempre ser prescrito, orientado e acompanhado por um médico especializado. Dessa forma, é completamente possível controlar o hipertireoidismo e alcançar uma vida saudável e equilibrada.
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Fontes:
– SBEM
– PubMed